Futebol é Para Meninas

O Blogue de Todos os Desportos

quarta-feira, abril 27, 2005

Humildade QB

Todos aqueles que me conhecem há mais tempo, sabem há quanto admiro o Figo.
Lembro-me que quando Portugal ganhou o Mundial de Juniores cá em Lisboa, em 1991, já conhecia e gostava do Figo, mesmo que ele tivesse aquele penteado que hoje se poderá considerar (e ele, certamente, concordará) no mínimo ridículo.


Mas gostava dele na mesma. Naquela altura apenas os mais informados pelas camadas mais jovens do mundo da bola nacional o conheceriam, uma vez que apesar de se ter estreado pela equipa principal do Sporting na época de 89-90, só duas épocas depois, já pós-Mundial, é que viria a agarrar o seu lugar – que acalento a esperança que o venha a ocupar no próximo ou próximos anos. Quanto a mim, nem sei como e quando ouvi falar no rapaz pela primeira vez.
Figo foi crescendo, ganhando influência na equipa ainda muito jovem, respeito e admiração. Num momento de baixa de forma ou por vontade de dar uma sacudidela à equipa, Bobby Robson, treinador da altura, deixou-o no banco uns quantos jogos. Logo ai começou a dividir opiniões, Robson e Figo. Lembro ainda uma cena ridícula da última época de Figo no Sporting, em 94-95, quando um bando de adeptos energumenos (que também os há no SCP) tentaram agredi-lo. Nessa altura Figo estava em final de contrato e, entre amuos com o Presidente e vontade mais do que legítima de obter novos e melhores desafios para a sua carreira, vivia uma fase de conflito no clube.
Servem as presentes lembranças para recordar que a carreira de Luís Figo não é assim tão pacifica. Esclarecendo: que é um dos melhores jogadores do mundo (e em 2001 foi mesmo considerado pela FIFA o n.º 1) e que joga bem e bonito que se farta ninguém discute. Que passou pelos clubes sempre criando alguma polémica e desilusão extra-relvado de jogo, também me parece indiscutível.
Ai... como é que me vou sair desta e explicar o porquê de, apesar de gostar imensamente do Figo, ficar triste com o rapaz em certos momentos?
Assinar por vários clubes ao mesmo tempo nunca foi novidade (pelo Benfica quando tinha contrato com o Sporting; com o Parma e Juventus ao mesmo tempo, tendo ido parar ao Barcelona como “castigo”; pelo Real de Madrid quando tinha contrato com o Barcelona, era seu capitão de equipa e jurava nos jornais ser “culé”).
Agora, na minha opinião, não deve haver nada mais insuportável para os jogadores que compõem o plantel e passam mais tempo a ser 2.ª ou 3.ª opção, ou muitas vezes nem isso, do que ouvir colegas a queixarem-se por irem temporariamente para o banco. É uma falta de respeito pelo trabalho de todos aqueles que lá estão prontos e esperançados a ser escolhidos pelo treinador. Recusar o colete de treino para jogar nos suplentes só pode ser um momento de desvario. Reclamar renovação de contrato e esclarecimento das intenções do clube quando ainda se tem mais uma época só pode significar vontade de sair por parte do jogador, não do clube.


É pena! À laia de comparação, eu que não gosto mesmo nada do Rui Costa (arghhh), vejo-o respeitado pelos adeptos e agradado no Ac Milan, mesmo não sendo titular indiscutível, nem nada que se pareça. Quanto ao Figo... amado em Barcelona enquanto lá jogou, tolerado e respeitado em Madrid. E só! Sem paixão o futebol perde mais de metade do seu encanto.
Mas sim... de falta de profissionalismo ninguém pode acusar Figo. Neste momento, de gerar paixões também não o podem acusar.