Futebol é Para Meninas

O Blogue de Todos os Desportos

sexta-feira, maio 20, 2005

Privilégio

CSKA 3x1 SCP
(Final da Taça Uefa 2005, 18 Maio, Alvalade)
O incrível tinha acontecido: Sporting, depois de épocas e mais épocas a fazer jogos miseráveis nas competições europeias, perdendo com equipas poderosas como o Viking e outros que tais, chega à final da Taça Uefa em 2005.
Alguma esperança tinha, pois havia garantido o meu bilhete (4, para ser mais precisa) logo em Dezembro. Bom, para ser sincera, comprei-os para ir ver duas equipas jogarem a final, longe de imaginar que uma delas fosse a minha. Mas a brincar sempre ia dizendo que o Sporting estaria na final. A brincadeira concretizou-se.
No caminho para o estádio sou ultrapassada pela camioneta do Sporting, vinda de Alcochete. Na entrada para o meu sector, cruzo-me com Dias da Cunha, sempre solicito para ouvir os adeptos do clube. As coisas não estavam a correr nada mal.
E, quando o jogo começou, o mais difícil foi conseguido: marcar um golo aos russos cedo, sem sofrer nenhum. E mais, o Sporting estava a jogar muito bem e dava tudo o que tinha. Quem estava descrente na vitória só pode ter mudado de ideias.

Depois do intervalo, e com o golo do empate - mais um livre no local do costume -, a descrença começou a instalar-se. Viu-se então que o Sporting tinha dado mais do que podia. A verdade é que a equipa, que já estava de rastos fisicamente, ficou psicologicamente mais do que para baixo. Veio o segundo golo dos russos e, na jogada em que mandámos uma bola toscamente ao poste, de um contra-ataque veio o terceiro deles.
Estava feito.
Vê-se agora que não podia ser diferente. Estou conformada.
Enakarirhe e Rogério vinham de lesão. Beto andou o ano todo semana sim semana não lesionado. Rochemback tenta aguentar-se como pode devido a problemas físicos. Pedro Barbosa tem fogachos e ontem, infelizmente, não teve nenhum. Sá Pinto e Liedson (a dar tudo para se mostrar ao mundo nesta final) estiveram desinspiradíssimos. No banco, Douala e Niculae não andam bem fisicamente há muito. Pinilla, que apareceu só agora e por isso só agora contava como opção, lesionou-se antes do jogo. Custódio, estranhamente, ou talvez não, no banco também só recuperou de lesão há 2 ou 3 jogos.
Pois é, cá em Portugal não estamos habituados a tantos jogos por ano e diz que os plantéis não dão para fazer uma gestão como o das equipas inglesas.
A verdade é que para uma final a equipa tem de se transcender, quer do ponto de vista físico quer psicológico, e o Sporting só o conseguiu durante 45m. Do ponto de vista técnico os nossos jogadores nunca desiquilibraram individualmente. Nenhum esteve numa noite sim.
Já os russos, pelo contrário, defenderam quando o tiveram de fazer, sofreram o golo contra as suas expectativas mas conseguiram dar a volta por cima e não necessitaram da força para virar o jogo. Bastou-lhes a arte a que já tinham habituado a Europa do futebol: contra-ataques venenosos e cínicos. Ganha quem marca e a equipa do exército vermelho marcou três.
Foi pena.
Vamos crer que o futuro nos possa reservar o privilégio de podermos voltar a ver o Sporting nestas andanças.