Futebol é Para Meninas

O Blogue de Todos os Desportos

sábado, agosto 13, 2005

Oh Captain, My Captain

Pedro Barbosa anunciou a sua retirada do futebol de competição enquanto jogador.
Nascido em 6 de Agosto de 1970, em Gondomar, apesar de ter andado pelas escolas do FC Porto, depois de passar pelo Freamunde, foi no Guimarães que veio a mostrar-se como um grande jogador, nomeadamente nas temporadas 1991/1992 até 1994/1995. Lembro-me de numa destas alturas vê-lo jogar contra o Porto a partir a loiça toda e chamar-lhe mesmo assim um montão de nomes por ter falhado um golo feito. Depois disso, ouviria ainda muitas mais vezes os outros a chamar-lhe nomes, eu própria não terei resistido em algumas ocasiões. Foi, claro, a partir do momento em que se mudou para o Sporting, na época de 1995/1996, tendo permanecido no clube até agora, num total nada modesto de 10 épocas consecutivas. Caso raro e, não só por isso, era o nosso capitão.
A sua técnica é mais do que consensual, e ficam na memória as suas jogadas de ataque, principalmente aquela que poderia registar como sua marca – puxando a bola para um dos lados da grande área, à entrada, e rematando em arco. Quantos e quantos golos não marcou assim, não só no Sporting mas também com a camisola de Portugal (lembro agora daquele golaço à Holanda).
Porquê então os constantes assobios? Pelos eclipses que tinha, pelas suas distracções durante os jogos, pelo jogo algo arrastado de que alguns não gostavam. Quinito, seu treinador no Guimarães, dizia que Pedro adorava croissants e que por isso parecia pesado e lento a jogar. Seja. Naquele aspecto nunca concordei com muitos dos meus vizinhos de bancada de Alvalade. Apesar de, por vezes, como já afirmei acima, também me desesperar o seu jogo enrolado, principalmente quando o Sporting precisava de ir para a frente e marcar, achava que o Pedro Barbosa em qualquer momento poderia ter uma das suas jogadas de génio e decidir o jogo, por isso teria de jogar sempre. Afinal, são jogadores como este que nos levam aos estádios para ver bom futebol. E que nos fazem sentir o desejo de ser novamente adolescentes e colar posters dos nossos ídolos nas paredes, como naquela papelaria em Telheiras, vizinha de Pedro, decorada com posters e camisas suas, o que contribui certamente para que quando vou para aquelas bandas faça questão de lá voltar a entrar.
Obviamente terei saudades de vê-lo jogar. No entanto, não discordo da opção de não renovação do seu contrato, pois apesar de a sua penúltima época ter sido muito boa, daí resultando a sua transição para o plantel da passada temporada, a verdade é que o seu aproveitamento enquanto jogador já trintão vinha baixando. Na mesma medida que aumentava a sua capacidade para reclamar com os árbitros. Sinal disso, e marca infeliz como o próprio o confessa, é ter sido expluso, por bocas, no último jogo oficial que efectuou. Posso, todavia, discordar da forma como o Sporting agiu no processo da sua dispensa, assim como posso discordar das palavras que Pedro Barbosa proferiu contra a equipa técnica quando saiu, pois é visível que sempre foi opção dos que agora criticou. Aliás, jogou a titular no jogo do título com o Benfica e escassos 4 dias depois de novo a titular com o CSKA Moscovo na final da Taça Uefa, quando a maioria da “opinião pública” não apostaria nele para a totalidade dos 90m nesses 2 jogos seguidos.
Engraçado o facto de eu ter tido exactamente a mesma visão de Pedro Barbosa: também eu o vi a levantar a Taça Uefa, pena que para além das nossas cabeças não existam provas de que tal sucedeu realmente.
Para a posteridade fica então que Pedro Barbosa representou o Freamunde, Guimarães e Sporting, foi por 2 vezes campeão nacional (1999/2000 e 2001/2002), venceu 1 Taça de Portugal (2001/2002), 3 Super Taças (1994/1995, 1999/2000 e 2001/2002), foi finalista da Taça Uefa (2004/2005), representou 21 a selecção portuguesa e esteve, nesse âmbito, presente no Euro 96 e no Mundial 2002.