Futebol é Para Meninas

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segunda-feira, junho 26, 2006

Cantinho do Mundial - Dia 17 – 8.ºs Final

Inglaterra 1x0 Equador

David Beckham, de livre, trouxe o único momento de futebol e de emoção ao jogo.
Os sul-americanos não conseguiram repetir o que de bom fizeram nos 2 primeiros jogos e pareciam felizes por estar a perder só por um. Isto frente a uma Inglaterra que também não fazia nada de jeito. Parece que foi um dos jogos mais fracos de todo o campeonato.
No que diz respeito à Inglaterra e face ao joguinho da treta que tem vindo a colocar em campo, já há quem questione se esta é a geração de ouro dos ingleses (Beckham, Gerrard, Lampard, Rooney, Owen) então o seu treinador (Eriksson) é o quê?

Portugal 1x0 Holanda
Se o outro jogo da tarde (Inglaterra x Equador) não tinha tido nem futebol nem emoção, este teve emoção a mais, apesar de ter tido futebol a menos.
Infelizmente é difícil fugir à realidade e a realidade do jogo foi muito triste para todos os que gostam de futebol. Foi aqui batido o recorde de cartões mostrados num só jogo do mundial: 16 amarelos (9 para Portugal, 7 para a Holanda) e 4 vermelhos (2 para cada). A imprensa de todo o mundo é unâmine nas manchetes: violência e emoção são as palavras que mais aparecem. Pena. No que me toca, fico apenas contente por ver que ao contrário das más figurinhas de 2000 (cerco de metade da equipa de Portugal ao árbitro após este ter assinalado penálti por mão de Abel Xavier) e de 2002 (punhalada de João Pinto ao árbitro) as de 2006 vieram na sequência do trabalho incompetente de um árbitro. Não é grande desculpa mas agrada-me ver que todo o mundo o aponta como réu.


O que se passou então?
A Holanda entrou bem no jogo e teve logo no 2.º minuto uma jogada muito boa que resultou num remate a rasar o nosso poste. Nesse mesmo minuto foi mostrado o 1.º cartão amarelo a um holandês. Ao minuto 6 veio o 2.º amarelo a um holandês. Ambas as faltas foram sobre Cristiano e esta 2.ª valia o vermelho. Foi o 1.º grande erro do árbitro. Na sequência da falta violenta ao minuto 6 não mais Cristiano conseguiu jogar à bola, com dores.
No entanto, mesmo lesionado, Cristiano ainda fez o passe da jogada que viria a dar o único golo da partida, por Maniche (que também já tinha amarelo), aos 23 minutos (os holandeses já devem começar a tremer todos quando vêm Maniche à sua frente). Pouco depois Cristiano foi substituido.
Costinha, que já tinha um amarelo desde os 31 minutos e que depois disso já tinha feito uma falta não assinalada pelo árbitro que lhe poderia muito ajustadamente dar o 2.º amarelo, resolveu pôr a mão na bola numa zona do campo que não fazia mossa para ninguém e viu mesmo o vermelho, por acumulação de cartões. Não sei o que passa pela cabeça de um jogador tão experiente e que tem a plena confiança do treinador fazer um disparate tão idiota.
Com menos 1 em campo, Scolari começou a 2.ª parte tirando Pauleta (só se viu em campo quando na pequena área falhou um golo fácil) e fazendo entrar Petit. Este levou de imediato o seu cartãozinho e pensava-se que iria ser um massacre de futebol laranja. Afinal não foi. O árbitro já tinha perdido a cabeça e os jogadores perderam-na também.
Luis Figo, com o jogo parado, resolve dar uma cabeçada num holandês e a sua sorte foi o árbitro não ter visto essa nova faceta da carreira do nosso capitão chegada tardiamente, aos 33 anos. Mais sorte teve ainda Figo de alguém ter contado ao árbitro o que se teria passado e de este lhe resolver erradamente mostrar apenas o amarelo. Com esta penalização durante o próprio jogo, e segundo as regras da fifa, deixa de ser possível uma nova penalização - como seria o caso de utilizarem as imagens para o castigar a posteriori.
As coisas não estavam lá muito bem. A Holanda tentava marcar e os nossos pareciam defender a todo o custo. Mesmo. Mas continuavamos em vantagem.
Tudo acalmou um pouco para o nosso lado quando Boulahrouz (o tal que atirou Cristiano para o doutor aos 6 minutos) deu uma cotovelada em Figo. Também aqui poderia ter visto o vermelho directo mas não. Viu apenas o amarelo mas como era o 2.º deu no mesmo. Ficavamos a jogar 10 contra 10.
Achavamos que o jogo estava feio? Que dizer do minuto 73 quando depois do árbitro ter interrompido uma jogada em que os portugueses tinham a bola os holandeses, indo contra todas as regras do fair play, não a devolvem, como é da praxe? Pior, com os jogadores portugueses na expectativa de que as recomendações da fifa sobre o fair play fossem acatadas e vendo o holandês a correr como um louco com a bola na direcção da nossa baliza, a Deco não restou outra solução se não pará-lo com falta que deu amarelo. Pior ainda, 5 minutos mais tarde, Deco faz fita, retém a bola por 2 ou 3 segundos, Cocu faz fita e o árbitro mostra o 2.º amarelo a Deco e rua! Novamente Portugal em inferioridade numérica. Mas aí parecia já não haver nada a fazer. Com toda a gente de cabeça perdida, o futebol era o grande ausente da festa. Nas bancadas, todavia, a correcção imperava. Nos 6 minutos de descontos que o árbitro deu houve ainda tempo para se bater o tal recorde que ninguém desejava: mais uma expulsão para um holandês, Van Bronckhorst. Nesta sequência viu-se a que para mim foi a imagem mais bonita da noite: os 3 expulsos, sem Costinha, sentados lado a lado a ver o jogo e a conviverem. Mais uma prova de que o problema não esteve só nos jogadores.
Houve emoção, houve sim senhor. E houve um vencedor justo, também houve sim senhor. Mas não é disso que nos vamos lembrar quando recordarmos este jogo.

Só para lembrar: Portugal fez 10 faltas e viu 9 amarelos.