Isso Passa
Franziska Van Almsick, a alemã que apareceu do meio do nada nos Jogos Olímpicos de Barcelona, em 1992, para apanhar a medalha de prata dos 200 livres com apenas 14 anos, tornou-se desde aí uma das estrelas da natação mundial e a estrela do desporto feminino germânico.
Esteve também nos Jogos de Atlanta 1996, Sidney 2000 e Atenas 2004. Mantém ainda hoje o record mundial dos 200 livres, primeiro batido em 1994 e depois melhorado em 2002.
Abandonou a natação após os Jogos de Atenas. Frustada, certamente, pela sua carreira que abrangeu 4 (!) Jogos Olímpicos, quedas de moto, arrufos de mau génio, desistências de colegas em seu favor e muita atenção dos media e paparazzi.
E porque é que Franzi é então notícia agora?
Por ter afirmado recentemente que perdeu o seu amor pela natação e que hoje raramente toma banho. Em piscinas, é bom de ver. E que só entra numa piscina quando vai de férias e se o calor apertar muito concede em molhar os pézinhos.
Chegou à conclusão que é afinal fantástico viver sem uma medalha de ouro olímpica. Bastam-lhe as 10 medalhas olímpicas que ganhou (4 de prata e 6 de bronze), as quais se atiradas à populaça farão certamente concorrência à do Mourinho.
Infelizmente, não tenho qualquer medalha para leiloar no E-Bay, nem minha nem de nenhum craque. Também vivo bem sem o ouro redondo. Ou a prata. Ou o bronze. Ou, sequer, qualquer participação em Jogos Olímpicos, campeonatos mundiais ou europeus. Estou a tamanhos e estratosféricos km de distância da Franziska que qualquer comparação soará a pretensiosismo. Mas cá vai. A natação é mesmo uma seca. Qualquer ex-nadador o sabe. Depois de anos e anos às voltas numa piscina, tantas que todas juntas dariam não sei quantas viagens de ida e volta no Oceano Atlântico, quando se deixa o desporto a única piscina que se quer entrar é a de um resort. Para dar mergulhos ou fazer guerras de água com os amigos. Jamais para dar aos braços ou bater às pernas. Até que, passados 10 anos – no meu caso – começa-se a pensar que não doerá assim tanto fazer uns metrinhos. Longe de ser um prazer (o passado não se esquece tão facilmente numa década), o rigor metódico que anos e anos a levantar às 6:30 e a chegar a casa depois das 21:00 nos deu permite-nos analisar que as braçadas dadas agora, aos 30 anos, talvez ainda nos possam fazer falta para passar melhor os 40, os 50, os 60, quem sabe se os 70 e os 80.
Por isso, Franzi, isso passa. Curte agora essa onda de repórter de Fórmula 1 para a RTL, passeia pelo Bahrein e pela Malásia, circuitos (ainda) fora da natação, faz o teu jogging e vai pedalando na tua bike e, quando deres por isso, talvez possas voltar a entrar numa piscina e, sem que saibas como, fazer ir e vir.
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