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O Blogue de Todos os Desportos

segunda-feira, agosto 07, 2006

Mais doping

De vez em quando lá volto ao tema do doping. Não tantas vezes como os casos que vão surgindo publicamente. Se assim fosse, não faria mais nada durante o dia a não ser escrever, escrever e escrever, com a única novidade a acrescentar a cada texto ser o nome de mais um desportista apanhado na rede do doping. Desportista de topo, acrescente-se.
Com o arquivamento do “caso Nuno Assis” todos nós ficámos mal. O atleta, por não ver provada a sua suposta inocência, e o Estado e suas instituições enquanto personalidades declaradamente envolvidas na luta contra o doping por não conseguirem levar a prova que tinham entre mãos pelo menos até ao fim do processo e correspondente julgamento.
Aqui há uns anos Ben Johnson era o mau da fita por, após ter recebido a medalha de ouro nos JO de Seoul, em 1988, ter sido apanhado nas malhas do doping. Veio a ser desqualificado. O prazer e a imensa emoção de ter subido ao mais alto lugar do pódio olímpico, de ter recebido a medalha de ouro e de ter ouvido o seu hino ninguém lho tirará; o desgosto do então 2.º classificado não ter subido ao mais alto lugar do pódio para ouvir o seu hino, nenhuma medalha de ouro e nenhum registo na história de campeão olímpico atribuidos a posteriori substituirão tal momento negado pela batota. Naquele caso de 1988 seria assim não fosse o 2.º classificado Carl Lewis, por muitos e longos anos considerado o “desportista do século”, tendo ganho 10 medalhas olímpicas (9 de ouro). Acontece que em 2003, o bom do Carl, o impoluto Lewis, admitiu que testou positivo 3 vezes por utilização de estimulantes ilegais nos trials para os JO de 1988! Por engano, claro.
A história vem de longe, como se vê. E nunca deixou de tocar aos grandes. A questão é que pensamos que a vergonha não compensa (a minha ingenuidade fala sempre mais alto), que os poderes públicos andam em cima, que os patrocinadores não se aliam aos batoteiros, que o doping mata, que..., que...

No que diz respeito ao ciclismo, provavelmente, e infelizmente, será difícil olhar para um ciclista e achar que ele não faz uso de substâncias ilícitas para fazer face ao esforço desumano a que está sujeito a maior parte do tempo na sua actividade desportiva. Depois do escândalo que houve pré-Tour de França deste ano, com o afastamento, entre outros, de Jan Ulrich (aquele que era apontado como o sucessor de Lance Armstrong) e do nosso medalhado olímpico Sérgio Paulinho, pensava-se que este Tour seria do mais limpo da história. Pois. O vencedor, Flloyd Landis foi apanhado numa etapa com doping (diz ele que bebeu umas cervejas e uns gins a mais na noite anterior a essa malfadada etapa...). Tal não evitou que não fosse a tempo de chegar e subir ao maior degrau dos Campos Elísios com a amarela vestida.

Como se não bastasse esta “tragédia” desportiva, também Justin Gatlin, o campeão olímpico em título da, provavelmente, prova desportiva mais cativante e vista em todo o planeta – os 100m – assumiu há dias que também testou positivo no princípio do ano. Que pelo menos não sobre nada de semelhante para o seu vice-campeão de então. Sim, porque os nossos não se dopam!
O melhor era criarem, em cada modalidade, duas categorias: a dos limpos e a dos dopados.
Quem quereria correr na dos dopados? Aposto que ninguém. Aceitam-se sugestões.