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O Blogue de Todos os Desportos

quinta-feira, janeiro 12, 2006

Salada Russa

Primeiro foram os futebolistas portugueses que quiseram ir para a Rússia a afirmar que não se adaptaram, que Moscovo era esquisita, complicada para lá viver, outros costumes, chora daqui, chora dali, sempre com os bolsos cheios, no entanto.
Agora foi o russo Karyaka (que não é pioneiro nem no Benfica nem em Portugal, vidé Yuran, Mostovoi, Ovchinikov e, o meu preferido, Kulkov) a vingar-se. Diz não ter interesse em ver jogos do futebol português; e qual é o nosso interesse em vê-los se não tivermos umas equipas para puxar para cima – o Sporting e a Académica – e outras para puxar para baixo – o Porto e o Benfica? O russo não se encontrará em nenhum destes casos e, por isso, teria mais do que fazer para ocupar os seus tempos.
O problema é que Karyaka, estranhos costumes, não gosta de centros comerciais nem de ficar fechado em casa a ver televisão ou a jogar playstation. E, mais estranho ainda, gosta de passear por zonas verdes. E pensava que morando ali para a zona do Estádio da Luz iria encontrar alguma zona verde. Parece que os dirigentes do seu clube só lhe indicaram o caminho dos relvados. E só para treinar. De verde estamos conversados.
O pessoal aqui por estas bandas ficou muito ofendido por hábitos e gostos tão sem sentido e estranha que um russo a quem deram a possibilidade de vir para o grande e capitalista (há já bem mais de duas década) Ocidente possa ser tão mal agradecido.
Karyaka nasceu em Dnipropetrovsk, na Ucrânia, e andou por não sei que cidades russas, mas talvez se os tugas derem uma voltinha a Moscovo ou São Petersburgo possam hesitar um pouco antes de negar o atraso de um país pela falta de zonas verdes, zonas para se estar e brincar sem os modernismos de uma sociedade que se julga evoluida pelo acesso a (alguma) tecnologia.
Quanto a mim, se tivesse oportunidade de dizer algo a Karyaka, dir-lhe-ia apenas: sorte tua que não estiveste cá no tempo dos outros russos, há 10 anos atrás, pré-Expo98, por exemplo. Aí sim não aguentarias nem 6 meses por Lisboa.