O Craque do Grupo D - Cristiano Ronaldo

Neste grupo apenas retiraria estrelas da selecção portuguesa. Motivo único? Desconhecimento quase absoluto dos seus concorrentes.
Cristiano Ronaldo é o jogador português mais excitante da actualidade. A par de Deco, é aquele que mais faz com que pensemos em deixar os nossos postos de trabalho para nos plantarmos à frente da televisão. Luís Figo, Pauleta e Ricardo Carvalho serão os seus coadjuvantes mais próximos.



Cristiano Ronaldo dos Santos Aveiro nasceu a 5 de Fevereiro de 1985, no Funchal.
O nome Ronaldo teve, por parte de seu pai, dedicatória especial: a Ronald Reagan. Só não sei se pela sua admiração pelo actor ou pelo político.
Cristiano, futebolísticamente falando, sempre mostrou ser precoce. Aos 12 anos veio para o continente, para jogar pelo Sporting. Antes disso já tinha sido disputado pelo Marítimo e pelo Nacional, os dois maiores clubes da ilha, com este último a ganhar a sua contratação à agremiação Andorinha por ter aceitado oferecer-lhes aquilo que os rivais não quiseram: dois kits de equipamentos.
A vinda para Lisboa não foi fácil. Aqui a história é comum à maior parte dos futebolistas que deixam cedo as suas aldeias, vilas ou cidades para irem jogar para fora. Um novo mundo, deixando a família e os amigos longe. A isto Cristiano terá somado o gozo de que era alvo por parte dos lisboetas pelo seu acentuado sotaque madeirense. Um dos resultados foi uma cadeira atirada a uma professora na sala de aulas, pondo fim a uma incerta carreira académica, e o desaparecimento do dito sotaque. Na história da cadeira, aliás, encontramos algumas semelhanças com as reacções que Cristiano vem tendo quando disputa jogos em que é provocado, seja pelos jogadores adversários (vidé recentes jogos particulares de Portugal com Cabo Verde e com Luxemburgo) ou pelos adeptos do adversário (relembrar dedinho da mão erguido no jogo do Manchester com o Benfica). Que se livre dos vermelhos no mundial, é a sorte que lhe (nos) desejo.
No Sporting estreou-se na época 2002 / 2003, com apenas 17 anos. Lazlo Boloni, o treinador de então, teve o mérito de o lançar, teve sim senhor. Mas para mim, como sportinguista e amante do futebol fantasista, não o perdoo pela sua teimosia em não colocar de início na mesma equipa Ricardo Quaresma e Cristiano Ronaldo, sob a desculpa de que os dois miúdos na mesma equipa não permitiriam responsabilidade e experiência. E o talento e o espectáculo, que lugar ocupam no futebol?
O Manchester United não se preocupou nem com a juventude, nem com a imaturidade, nem com a irreverência, nem com a falta de experiência de Cristiano Ronaldo. Para mim o dia 6 de Agosto de 2003 ficará na história pela memorável inauguração do novo Estádio de Alvalade. Para Cristiano ficará na história por ter sido o momento decisivo da sua ida para o Manchester United. Os ingleses eram os adversários do Sporting no jogo inaugural do estádio e Cristiano e mais 10 ajudaram a derrotá-los por 3x1. Alex Fergunson ficou muito entusiasmado com o seu futebol, mas não teria optado pela sua contratação não fossem os louvores que os seus jogadores dedicaram ao puto na volta da equipa para Inglaterra e os seus insistentes pedidos para que contratasse a nova estrela portuguesa.
E, assim, em 2003, com apenas uma época disputada na I Liga Portuguesa, Cristiano Ronaldo foi para Manchester. Ainda para mais tinha como missão substituir e tentar fazer esquecer David Beckham, que havia partido para Madrid precisamente nesse ano. Recebeu a mítica camisola 7 do United, que já havia pertencido a jogadores como o referido David Beckham, Eric Cantona, George Best e Bobby Charlton.
Não é sem criticas que vem seguindo a sua carreira. Os comentadores ingleses não perdoam o seu individualismo e a falta de consistência mas, ao mesmo tempo, reconhecem a sua versatilidade e a imprevisibilidade dos seus dribles.
Pode dizer-se que conseguiu conquistar e segurar o seu lugar no ManUtd e no futebol inglês.
Assim como o conseguiu na selecção de Portugal. Estreou-se pela selecção principal em 2003 e foi uma das maiores estrelas do Euro 2004.
Aí, ficaram famosos dois momentos seus captados em foto: os abdominais e peitaço na comemoração de um golo e as lágrimas pela final perdida. No Euro, para além da conquista do público gay (Cristiano diz que isso é um bocado chato, que preferia a admiração das mulheres...), viu ainda juntar-se aos seus admiradores as crianças e as senhoras. Perante a euforia do torneio organizado em Portugal, as senhoras pré-Euro que nunca tinham prestado atenção a um jogo de futebol passaram a prestá-la graças a Cristiano.
Ainda em 2004 esteve nos Jogos Olímpicos de Atenas, na meteórica presença do futebol português, onde provou que, de como o confessa, não se motiva contra "equipas mais fracas". Para esquecer a eliminação face a "poderosas" selecções como Costa Rica, Iraque e Marrocos. Talvez o ponto mais baixo da sua ainda curta carreira.
Cristiano é um dos jogadores mais populares do mundo na actualidade. Para isso contribui não só o seu futebol vistoso e irreverente como também o seu aspecto físico e atlético e a simpatia que revela. Igualmente, ajuda a disponibilidade que tem mostrado para abraçar causas sociais, como o foi a visita à Indonésia pós-tsunami na Ásia para recolher fundos para ajudar a reconstrução das áreas afectadas, quando todos os seus colegas futebolistas já estavam de férias.
Vai para o seu 1.º mundial e é, a par de Deco, o jogador em quem os portugueses depositam as maiores esperanças, quer da vitória quer de um futebol bonito e bem jogado.