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O Blogue de Todos os Desportos

terça-feira, junho 07, 2005

Contratos

Não é necessário frequentar aulas de direito para se aprender que os contratos / acordos são para se cumprir. Basta ter uma formação familiar e social decente para o saber.
No entanto, quem tenha esta ideia em mente e olhe para o futebol, pode ficar baralhado. A prática corrente é que os jogadores saiam antes do termo do contrato, seja por vontade própria, seja por vontade (ou empurrados) do clube.
Gostando mais do clube do que um jogador em especial, terei óbvia tendência em me preocupar mais com o primeiro destes casos.
Não posso, todavia, ficar indiferente à forma como, por vezes, alguns clubes tratam alguns jogadores. Até porque, as mais das vezes, os verdadeiros prejudicados são os próprios clubes. Lembro-me de 3 casos, um de cada um dos 3 grandes: Afonso Martins, época atrás de época relegado para a equipa secundária, sempre sem deixar de receber o seu ordenado; Maniche relegado para a equipa B, saindo ao final do seu contrato para um dos rivais a tempo de vir a ser consagrado como vencedor da Taça Uefa e da Liga dos Campeões; Miklos Feher a entreter-se com os B´s por vontade do Papa Pinto da Costa, fazendo o percurso inverso a Maniche.
O Sporting vive agora o caso Liedson, ainda com contrato com o clube, mas com uma imensa vontade de se pôr a andar daqui para fora. O argumento utilizado? O mesmo que serviu na vinda para a Europa: aproveitar o clube como montra para chegar à selecção do seu país. A resolução desta situação pareceria fácil – cumprir o contrato, seja através da prestação dos seus serviços até ao seu final, seja através do pagamento da cláusula de rescisão anteriormente acordada entre as duas partes. A má fé permite, no entanto, outras saídas.
O caso do Rui Jorge também se enquadra numa situação de cumprimento de contrato. Ou seja, o seu contrato chegou ao fim e não houve vontade de, pelo menos, uma das partes em estabelecer novo contrato. Ainda que o Rui Jorge seja um dos meus jogadores preferidos no Sporting (como prova dá para ver que ainda não me habituei à ideia de que vai abandonar o clube ao fim de 8 anos), parece-me correctíssima a opção de não renovar o seu contrato. Foi esta época um dos jogadores que viu mais vermelhos no campeonato (3), um por falta de pernas e os outros mesmo sem estar no relvado. O momento mais triste da sua carreira – o afastamento da final da Taça Uefa, por opção do treinador, depois de ter feito a campanha toda na prova – pode ser considerado injusto, até porque Tello não é nenhuma espingarda. Mas poderia Rui Jorge aguentar-se com a temida velocidade dos russos? Pois, a posteriori a resposta é: não aguentava ele, assim como não aguentaram os seus colegas. A verdade é que Rui Jorge, tal como Paíto e Tello a defesas-esquerdos, fez uma época sofrível. Não há que lamentar mais do que a saída do grande profissional, que sempre demonstrou correcção pelo clube e pelos colegas, mas que saí no final do contrato por si livremente estabelecido.
Tomara aos clubes que fosse sempre assim.