No sábado tinha lido no O Globo on-line que havia uma surpresa preparada para o dia da grande final de Roland Garros deste ano, a disputar entre os 2 incontestados maiores tenistas da actualidade - Roger Federer e Rafael Nadal. E a surpresa estaria na figura daquele que iria entregar o prémio - Gustavo Kuerten, triplo vencedor do troféu a entregar.
Tudo certo e belo até aqui.
No entanto, achei despropositado quando li, no mesmo texto, uma singela pergunta / comentário acerca de Guga ter prestado uma homenagem a Bjorn Borg quando este campeoníssimo e lenda da modalidade lhe entregou o troféu numa das 3 ocasiões, e o jornalista "forçar", em consequência, que Nadal ou Federer lhe prestassem - a Guga - a mesma homenagem. O exagero passa pelo simples facto de Borg, carismático, ter permanecido 4 anos como n.º 1 do ténis, ter ganho 6 Roland Garros e 5 Wimbledon. Guga, carismático, esteve 1 ano como n.º 1 e ganhou "apenas" 3 Roland Garros. Ademais, Guga é teimosamente contemporâneo de Federer e de Nadal, por se recusar deixar-se vencer pelas lesões.
Pois é! Não deixando de considerar aquele texto forçado e um pouco pretencioso na defesa do seu conterrâneo campeão, esqueci-me, porém, que dizer que Guga é carismático é pouco. Especialmente em se tratando de França.
Há 2 anos tive a felicidade de ver ao vivo toda a loucura e carinho que os parisienses lhe dedicam, e isto numa altura em que o brasuca já era relegado para o 3.º / 4.º court. Insuficiente, ainda assim, para arredar uma imensa massa humana que queria ver um pouco mais daquele que colocou tanta alegria nos courts de Roland Garros e desenhou corações na terra batida num gesto de amor eterno.
E o certo é que, com Nadal e Federer ao seu lado - sem que tivessem, efectivamente, aludido às conquistas anteriores de Guga -, era a ele que a assistência queria ouvir. E foi a ele que o presidente da federação francesa de ténis lhe passou o microfone para um pequeno discurso e correspondentes aplausos entusiásticos do povão.
Se esta situação não é inédita anda lá perto.
O resto é história.
Rafael Nadal venceu o seu 3.º título consecutivo em Roland Garros e Roger Federer vai ter de esperar mais 1 ano para alcançar o único troféu que lhe falta.
